sábado, 18 de dezembro de 2010

Um Conto de Natal

Daqui a uma semana é Natal e estamos todos correndo com as preparações para esta festa tão bonita. Por isso mesmo o Inspiracionando se atrasou e somente hoje estou publicando o artigo da semana.

Um dos maiores expoentes do Natal na literatura, a meu ver, é Charles Dickens. Sua história O Espírito dos Natais Passados (A Christmas Carol) é conhecida mundialmente e revivida em vários filmes, histórias, personagens, peças teatrais e até ao vivo. Aqui na Holanda personagens de Dickens passeam pelas ruas de algumas cidades neste período do ano, transformando a paisagem em um conto de fadas.

Para quem não conhece, A Christmas Carol conta a história de um senhor idoso, rabugento e sovina que detesta o Natal e todas as festividades relacionadas. Na Noite de Natal ele é visitado por 3 espíritos: O Espírito do Natal Passado, o Espírito do Natal Presente e o Espírito do Natal Futuro, que lhe mostram como foi, é e será seu Natal. O velho rabugento se chama Scrooge e inspirou Disney a criar o Uncle Scrooge (Tio Patinhas). Trago portanto aqui para vocês A Christmas Carol, de Disney, em espanhol, em 3 partes.







E, para encerrar, esta magnífica versão dos Muppets cantando Scrooge, em inglês. Abaixo segue a letra para quem quiser "sing-along" (cantar junto).


When a cold wind blows it chills you,

Chills you to the bone.
But there's nothing in nature that freezes your heart like years of being alone.
It paints you with indifference like a lady paints with rouge.
And the worst of the worst,
The most hated and cursed,
Is the one that we call Scrooge.
Unkind as any, and the wrath of many,
This is that Ebenezer Scrooge.


Oh, there goes Mr. Humbug, there goes Mr. Grim.
If they gave a prize for bein mean the winner would be him.
Oh, Scroogey loves his money cause he thinks it gives him power,
If he became a flavor you can bet he would be sour.
Yuck, Even the vegetables don't like him.

There goes Mr. Skin flint,
There goes Mr. Greed.
The undisputed master of the underhanded deed.
He charges folks a fortune for his dark and drafty houses.
Us small folk live in misery,
It's even worse for mouses.
Please, sir, I want some cheese.

He must be so lonely, He must be so sad.
He goes to extremes to convince us he's bad.
He's really a victim of fear and of pride.
Look close and there must be a sweet man insid
Naaaah! Uh Uh.

There goes Mr. Outrage, there goes Mr. Sneer.
He has no time for friends or fun,
His anger makes that clear
Don't ask him for a favor cause his nastiness increases.
No crust of bread for those in need,
No cheeses for us meeses.

Scrooge liked the cold.
He was hard and sharp as a flint.
Secretive, self contained.
As solitary as an oyster.

There goes Mr. Heartless, there goes Mr. Cruel.
He never gives, he only takes,
He lets this hunger rule.
If bein mean's a way of life,
You practice and rehearse.
And all that work is paying off,
Cause Scrooge is getting worse.
Every day, in every way, Scrooge is getting worse.


Até a próxima

Stanze

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

E que caia o pano

Estava comentando esta semana no Facebook os motivos pelos quais eu gosto das novelas brasileiras. Além do fato de morar fora do Brasil e a novela servir para me aproximar um pouco da minha própria cultura e raízes, eu adoro teatro. Para mim, a novela é um teatro televisionado. Logicamente que assistir a uma peça no teatro não se compara a uma novela na telinha mas, como se diz, quem não tem cão caça com gato.

A biblioteca da minha avó possuía, além dos milhares de romances, algumas peças de teatro. É claro que entre elas não poderia faltar Shakespeare, cuja coleção completa eu herdei, mas havia três autores que me chamavam especialmente a atenção. Um era Tenessee Williams, o outro era Ibsen e o terceiro Beckett.

Ibsen seja talvez dos três o mais conhecido por sua obra Casa de Bonecas, mas era Beckett quem me fascinava com o diálogo absurdo de Vladimir e Estragon em Esperando GodotSamuel Beckett era um dos autores que Martin Esslin apontou como representante do que ele chamou de Teatro do Absurdo.

Tenessee Williams, além do nome que eu já considerava exuberante, foi o autor de obras de títulos intrigantes, como Um Bonde Chamado Desejo e Gata em Teto de Zinco Quente, ambas transformadas em filmes, a primeira tendo Marlon Brando como protagonista e a segunda Paul Newman e Elizabeth Taylor. No Brasil várias dessas peças foram ao teatro, encenadas por atores como Leonardo Villar e Walmor Chagas, por exemplo.

Uma peça teatral possui basicamente as mesmas características de qualquer obra literária: personagem(ns), enredo, conflito e resolução (absurda ou não). O forte da dramaturgia é o diálogo ou monólogo e isso se apresenta bem característico quando a parte descritiva serve somente para dar referência à cena. A obra teatral é feita para ser vista mais do que lida.

Poucas pessoas lêem teatro hoje em dia, mas eu aconselho principalmente àqueles que desejam escrever romances ou contos, que o façam. A peça teatral ajuda a desenvolver a força do diálogo, tão importante nas obras literárias.

Para terminar o Inspiracionando de hoje eu reproduzo uma frase de Blanche, de Um Bonde Chamado Desejo: "Eu não quero realismo, eu quero mágica".

Até a próxima

Stanze

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Judas (ou Hardy) o Obscuro?

Vasculhando minha biblioteca encontrei Judas, o Obscuro, escrito por Thomas Hardy em 1895. O livro conta a história de Judas Fawley, um garoto órfão, que se torna um homem idealista obcecado pela cultura e atropelado pelos seus próprios fracassos em busca da felicidade. O livro chegou a ser cognominado Judas, O Obsceno, porque Hardy explora o fracasso do casamento, exaltando o caráter obscuro de seus personagens, o pecado, as relações sociais. Um trecho de seu livro exemplifica bem o que o romancista pensava das instituições sociais e que o levou a ser tão duramente criticado pelos leitores ingleses da era Vitoriana: ".... um casamento deveria ser dissolvido no momento em que se torna uma crueldade para ambas as partes - deixando então de ser moral e essencialmente um casamento...."

Hardy graceja em seu prefácio à edição de 1912 de Judas, O Obscuro, sobre um bispo que queimou uma cópia do seu livro: "provavelmente em desespero por não ter podido me queimar." A controvérsia causada por causa de seus romances Judas, o Obscuro e Tess d'Ubervilles (1891) criou na verdade mais curiosidade sobre seu trabalho, que acabou por se difundir pela Europa e América do Norte. 

Hardy usou como pano de fundo em suas obras a região da Inglaterra onde viveu e trabalhou. Seu conhecimento de arquitetura e seu espírito observador levaram-no a criar algumas das criações mais notáveis da literatura do século XX, principalmente peças teatrais e poemas, inspirando autores como D.H.Lawrence e Virgínia Wolf.

Thomas Hardy nasceu a 2 de Junho de 1840 em Higher Bockhampton no condado de Stinsford, na Inglaterra, próximo à cidade de Dorchester, onde faleceu a 11 de janeiro de 1928. Inspirado nas paisagens e cidades ao seu redor Hardy deu vida, através da sua imaginação, ao condado de Wessex que pode ser facilmente comparado com a verdadeira região de Dorset.

Eis um mapa da Wessex de Thomas Hardy:

Se tiverem oportunidade leiam Judas, o Obscuro e dividam comigo suas opiniões sobre esse romance tão criticado à época da sua publicação.

Até a próxima
Stanze