sábado, 25 de janeiro de 2020

A Shindo Renmei no Brasil

Em agosto de 1945 o Japão se rendeu incondicionamente aos aliados, pondo fim à sua participação na Segunda Guerra Mundial. Parte da colonia japonesa que havia imigrado para o Brasil não aceitou a derrota e considerou as imagens e noticias da rendição como falsa propaganda. O Imperio jamais se rendeu a nada e a ninguém, diziam, e assim surgiu uma organização secreta chamada de Shindo Renmei, a Liga do Caminho dos Súditos.

Essa organização secreta, cujos membros eram conhecidos como kachigumi, combateram os makegumi, ou "corações sujos", os derrotistas japoneses que reconheciam a derrota do Japão.

Usando métodos e códigos de honra tradicionais, os tokkotai, ou executores da Shindo Renmei, obrigavam os derrotistas makegumi a praticarem o hara kiri ou serem executados imediatamente. Essa guerra interna, que além de provocar 23 mortes e 150 feridos, usava também técnicas de persuasão psicológica como produção de jornais com fotos manipuladas e até impressão de cédulas estrangeiras com o imperador ou símbolos de um Japão vencedor.

De janeiro de 1946 a fevereiro de 1947, o estado de São Paulo viveu essa guerra interna japonesa, que resultou em mais de 30 mil imigrantes presos pelo DOPS, dos quais 80 dirigentes e matadores da Shindo Renmei foram deportados para o Japão, acabando de uma vez com a seita no Brasil.

Fernando Morais conta essa passagem da história do Brasil de uma maneira brilhante e bem escrita no livro "Corações Sujos". Uma boa dica de leitura que revela uma parte da nossa história desconhecida por muitos brasileiros e até mesmo por vários japoneses.



Stanze