sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Um livro é uma paixão

Esta semana li um artigo interessante sobre o que leva as pessoas a escreverem um livro e o que deve ser considerado quando se parte para essa enorme - e desafiante - empreitada.

Algumas pessoas têm várias idéias e decidem fazer de cada uma um novo livro. O resultado final é somente uma série de livros inacabados. O processo de escrever um livro custa muito tempo e energia por isso é necessário observar algumas coisas.

Uma das mais importantes é escrever com paixão. Isso se obtém quando se escreve sobre aquilo de que se gosta, um assunto que nos atiça a curiosidade e que nos leva a passar horas e dias pensando, pesquisando e escrevendo sobre ele.

Se você possui várias idéias, experimente um pouco com elas antes de transformá-las em um livro. Pense nos motivos pelos quais elas apareceram na sua cabeça e lhe cativaram. Será que são estimuladas por uma moda passageira, como histórias de mágicos ou vampiros? Se esse for o motivo gerador de uma ou algumas das suas idéias, lembre-se que quando terminar a primeira versão do seu livro a moda já pode ser outra.

Para tentar definir melhor qual idéia pode ser frutífera, pense em algumas coisas:

Para qual público você quer escrever? Sabendo isso você cria um trabalho específico e dirigido.

A sua idéia é algo que já está saturado no mercado? Se sim, qual a diferença que você pode trazer na sua história que a tornará original e única? Pense em personagens, enredos, final, início, etc.

Crie alguns trechos ou um esquema da sua história antes de iniciar a tarefa de transformá-la em um livro. Lembre-se de ser flexível nesse processo: seus personagens podem se transformar, desaparecer ou até nascer nesse período, o enredo pode retorcer e virar uma coisa diferente.

Passe algum tempo com essa pequena idéia e veja como ela se comporta. Se após esse tempo ela continuar viva e crescer dentro de você, então ela tem todas as possibilidades de se tornar um livro, porque ela virou uma paixão!

Até a próxima,
Stanze

 

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Adeus Bonelli

Esta semana recebi a triste notícia do falecimento de um amigo, acima de tudo, e de um grande editor e escritor. Sergio Bonelli, dono e responsável principal pela SBE (Sergio Bonelli Editora) na Itália faleceu nesta segunda feira passada aos 79 anos bem vividos de idade.

A SBE se dedica aos quadrinhos e tem como carro chefe o personagem Tex Willer, criado pelo pai de Sérgio, e que ainda hoje é responsável pelo faturamento maior da editora.

Mas do punho de Sergio Bonelli, com o pseudônimo de Guido Nollita, surgiu Mister No, intrépido piloto norte americano que se auto segregou do mundo nas densas florestas da Amazônia brasileira. O espírito livre e aventureiro do personagem espelha a alma leve e carismática de seu criador.

Tive a oportunidade de conhecer pessoalmente esse fantástico homem que transformou personagens de quadrinhos em mitos, em criaturas quase vivas que nos acompanham como amigos queridos, como heróis idealizados e como exemplos de caráter.

O nosso adeus a Sérgio é um adeus relativo já que tudo que ele impulsionou ou criou se perpetua a cada dia, a cada mês e a cada momento em que alguém, em algum lugar do mundo, abre uma revista da SBE para ler e sonhar.

E neste momento de passagem, só posso deixar o meu obrigado muito grande a essa pessoa tão carismática que me fez viver momentos inesquecíveis em Milão, momentos mágicos e eternos em que, mais do que ele, me senti especial, pelo tratamento tão singular e único que recebi, pela sua companhia e conversa envolventes e fascinantes. Uma pessoa que tinha tanto a dizer mas se contentava em escutar, em dividir experiências e aventuras mas principalmente em fazer com que cada pessoa que estivesse em sua companhia se sentisse mais importante que ele mesmo.

Sem a tenacidade e inspiração de Sérgio Bonelli talvez eu nunca tivesse tido o prazer de conhecer os grandes  amigos e "irmãos" que fiz ao longo destes anos por causa de uma simples revista em quadrinhos.

OBRIGADA!

Nanda

 

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Literatura na casinha

Um dos lugares mais tranquilos que eu encontro para ter uma leitura sossegada é... a casinha! No toilete da minha casa há uma cesta com várias revistas diferentes para atender os gostos principalamente dos moradores, mas também de eventuais visitas.

Já vi a mesma estrutura na casa de vários amigos, inclusive na casa do meu irmão, onde a variedade de leitura vai de revistas infantis a revistas de noticiários e fofocas.

Reclama-se muito hoje em dia que os jovens pouco ou quase nada lêem. Na minha opinião, o que existe é pouco incentivo dos pais. Há muitas maneiras de se estimular a leitura desde a infância. Um amigo meu, além de comprar livros e revistas para suas filhas e ler com elas, encontrou uma maneira divertida e original para desenvolver não só nelas, mas em toda a família, o prazer da leitura. A cada semana ele seleciona artigos interessantes e educativos de jornais e prega no banheiro com fita adesiva. Recentemente eu soube que há espaço também para quebra-cabeças e palavras cruzadas que são completados gradativamente por quem frequenta a "casinha".

E, para estimular ainda mais a compreensão, o diálogo, a capacidade cognitiva e o entretenimento que a leitura traz, uma caneta está disponível para que as pessoas comentem sobre os artigos e gerem discussões e reações dos próximos frequentadores.

Há sempre uma maneira de estimular a leitura. E, quanto mais cedo ela começa, melhor!

E na sua "casinha" também há um espaço literário?

Até a próxima,
Stanze

sábado, 20 de agosto de 2011

Férias

Olá todos

O Inspiracionando vai entrar de férias até o dia 09 de setembro 2011.

Até a volta,
Stanze

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

O Diário de um Escritor

Parece estereótipo, nem todos o usam, mas muitos escritores - inclusive eu - carregam sempre consigo um pequeno caderno ou bloco de anotações, o salvador diário.

Vários de nós - principalmente as meninas - passaram pela adolescência escrevendo diários onde, além dos acontecimentos do dia a dia, eram registradas as emoções flutuantes de um adolescente. Diários de capas floridas, diários com chaves que guardavam segredos irreveláveis, diários de capa discreta ou com fotos de artistas. Ali as primeiras sensações do mundo eram escritas. Ali se criavam personalidades, histórias e se desenvolviam emoções.

O diário de um escritor não varia muito de um diário de adolescente. A grande diferença é que o escritor, além das emoções, também usa o diário para registrar fatos e observar o mundo à sua volta. O meu diário tem de tudo: corriqueiras descrições de passageiros em um trem, detalhes sobre um dia de sol ou de chuva, pedaços de diálogos ou trechos de uma cena desenvolvidos durante um passeio, viagem ou deslocamento ao trabalho. Algumas vezes guardo fotos ou cartões postais ou artigos de jornais ou revistas que possam servir, em algum momento, de inspiração .

Reler páginas de diários antigos é sempre uma fonte saciadora no deserto das palavras e ter às mãos um diário vira um hábito rotineiro na vida de um caçador de histórias.

Até a próxima
Stanze

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Sweep - Zoom in e Zoom out

Esta semana li um artigo interessante em um jornal online de literatura. O autor discorria sobre contos e demonstrava a utilização da técnica do sweep.

O termo sweep, em inglês, significa, entre outras coisas, uma dimensão mais larga e abrangente. Nos contos o autor não tem espaço para trabalhar exaustivamente um personagem ou um tema. O foco tem que ser preciso e imediato. Quanto mais curta a história, mais rápido o leitor tem que conhecer o enredo, o papel do personagem principal e o que ele deseja.

A técnica do sweep dá a oportunidade ao escritor de acrescentar em poucas linhas essa dimensão e profundidade que o personagem ou a história necessitam. Em um simples parágrafo o leitor pode conhecer o que realmente está por trás daquele enredo e o impacto que isso causa na história e no personagem.

Um exemplo prático seria uma história que envolve um ritual indígena. Digamos que um certo artefato seja usado nesse ritual. O autor poderia em um parágrafo usar um sweep para explicar a importância desse artefato para os indígenas e como ele tem sido usado de geração em geração, adicionando a visão da cultura nativa. Depois, ele retorna novamente para a história atual. O escritor aproveitou para criar uma dimensionalidade àquele enredo que fará com que o leitor compartilhe de forma mais profunda a experiência do personagem naquele momento.

O sweep pode ser praticamente visualizado como um zoom. No momento em que ele acontece o escritor dá um zoom out, ou seja, afasta a cena e traz a câmera para abranger o cenário como um todo. Retornando à história ele faz um zoom in, focando o enredo principal.

O sweep pode acontecer em qualquer momento da narrativa, tanto no começo quanto no meio. O importante, entretanto, é observar a sua introdução e saída. Quando no começo do conto o cuidado com a introdução não é tão essencial, mas, se ocorre no meio, o sweep tem que ser escrito de modo a fazer parte da história. Um dos maiores riscos de usar essa técnica é o perigo da divagação e generalização, incorrendo em distanciamento do enredo principal.

Criando aqui um exemplo rude da cena do ritual indígena um sweep seria algo assim:

"O cacique Capixaba se aproximou da cuia ritual, enquanto era observado pelos outros guerreiros dispostos ao seu redor.


Para os índios guajajaras aquela cuia representava a união dos deuses da floresta e dos céus. A água da chuva que era colhida nela representava a bênção dada por Huimatã. A cuia ficava sempre no centro da aldeia e quando transbordava, suas águas eram acolhidas pela Mãe Terra, consumando a junção dos deuses. Era então o momento da caça, da pesca e da colheita, todos abençoados por aquela união divina. A cuia era, para aqueles índios, um símbolo sagrado passado de geração a geração.


Capixaba pegou a cuia com as mãos e elevou-a aos céus."

Como falei acima esse texto é só um exemplo a grosso modo da técnica do sweep. O que vai acontecer com a cuia adquire uma importância bem mais impactante quando o leitor sabe que aquele objeto faz parte de uma cultura e tradição enraizadas. O sweep engrandece o conto em poucas palavras.

Até a próxima
Stanze

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Bem vindo ao mundo dos clichês

Quase todo mundo sabe o que é clichê na literatura: frases que de tão repetidas já as conhecemos de cor. E não há nada mais anti-criativo do que usá-las em uma obra de arte.  A palavra clichê se origina do francês e significa uma peça para impressão em série.

Em sua expressão primeira a frase clichê foi uma explosão de criatividade. Seu uso demasiado fez com que perdesse a originalidade e se tornasse simplesmente "clichê". Salvador Dali resume de maneira inteligente essa idéia: "O primeiro homem a comparar as bochechas de uma jovem mulher com uma rosa foi obviamente um poeta; o primeiro que repetiu essa comparação foi provavelmente um idiota".

Não existem somente frases clichês, há também atitudes, modismos e, principalmente personagens clichês. 

J.V.Jones, escritora de ficção, no livro "The Complete Handbook of Novel Writing" menciona vários personagens clichês que qualquer autor de bom senso deveria evitar. Infelizmente esses personagens continuam aparecendo em vários romances pelas prateleiras das livrarias.

Eis aqui uma interessante lista de personagens clichês:
  • O líder religioso de sangue quente determinado a destruir qualquer idéia nova;
  • O chefe mau de uma mega companhia que não se importa com o meio ambiente, seus empregados ou os habitantes de sistema solar mais próximo;
  • O cientista que não consegue ver o perigo que seu projeto representa;
  • O bravo, porém misterioso, aventureiro que no final é um nobre há muito tempo considerado desaparecido;
  • O visitante mal compreendido que necessita de ajuda para retornar para casa;
  • O líder militar sanguinário para quem os fins justificam os meios;
  • A figura autoritária especialmente estúpida que recusa qualquer opinião que não seja a dela própria e que por isso se torna responsável por todos os problemas da história;
  • O rei ou líder bonzinho mas sem cérebro que só ouve criaturas autoritárias estúpidas;
  • O nobre malvado que exala somente maldade;
  • O irmão mais novo que tem um bom coração e sabe o que é certo mas é sempre mal compreendido;
  • Qualquer um tremendamente bonito
E, para finalizar, algumas frases e expressões clichês bem conhecidas:
  • Não deixe para depois o que pode fazer hoje 
  • Selva de pedra
  • Não há lugar melhor que a casa da gente
  • Brincadeira de criança
  • Chovem gatos e cachorros
Evitar clichês é algo que todo autor tenta fazer em seu trabalho, entretanto, usar o clichê para criar um personagem com uma característica atípica é uma forma interessante de transformar o lugar comum em algo bem especial.

Até a próxima
Stanze

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Cozinhando a criação

Se podemos comer com os olhos, com certeza o processo de criar uma obra de arte é comparável ao preparo de uma deliciosa comida.

Procura-se primeiro a receita e em que culinária ela se encaixa. Do assunto surge o tema. É bom ler também outras receitas, e misturar tudo, pois daí nasce a inspiração. Vai-se então à busca dos ingredientes e moldam-se os personagens. Coloca-se na panela e da pena surgem as palavras.

Da culinária popular criam-se as lendas e os folclores. Suas receitas simples são passadas de boca em boca e geração em geração, muitas vezes sem ir ao forno ou tocar no papel. Da rapidez dos fast food se produzem os contos, as crônicas e os ensaios. Apesar de pequenos e rápidos têm um sabor próprio.Mas é da paciência do slow food que surgem os grandes romances. O tempo necessário para o cozimento da obra apura os sabores dos personagens e intensifica o palato da história.

Os temperos criam os diálogos e as descrições, que devem ser colocados com cuidado para não desandar. A preparação do prato é essencial e deve provocar saliva nos olhos do leitor com sua produção final.

Para a sobremesa nada melhor do que uma deliciosa poesia: leve, doce e absorvente. Coloca-se no fogo e espera-se rimar. E o segredo essencial é sempre, sempre, provar e revisar.

Entrega-se por fim a criação aos gourmets. E deles se espera a aprovação final. Com sorte e talento nossa arte é exibida em várias prateleiras e devorada por ávidos olhos. Do paladar dos leitores surge a premiação do mestre. O prato vazio e a página fechada com a saudade ainda nos lábios do que se acabou de provar. Depois, é só retornar à cozinha e começar tudo de novo, com novas receitas e novos recheios.

Até a próxima e bom apetite,
Stanze

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Liberdade, liberdade

Um dos temas que mais tem inspirado autores é a liberdade. A liberdade em todas as suas formas e faces é retratada em várias artes: literatura, pintura, escultura, filmes, etc. Esse tema é - e sempre será forte - porque é inerente do ser humano e, em cada local ou momento em que a liberdade é atacada, surge um conflito que gera palco para grandes atos e consequentemente grandes histórias.

Quando se fala em liberdade pode-se citar milhares de exemplos ao longo da história até os dias de hoje: as guerras de independência, as lutas contra a escravidão, a opressão existente, principalmente contra a mulher, nos países muçulmanos, a luta pela simples expressão na era comunista, e por aí vai. De homens a animais, da repressão física à psicológica, nenhum ser vivo foi criado para ter as suas asas cortadas e ter seus limites determinados por outrem.

Grandes exemplos na literatura e no cinema estão presentes em "Como era Verde o meu Vale", de Richard Llewellyn, que fala da repressão social causada pelo trabalho semi escravo nas minas de carvão; "Negras Raízes", de Alex Haley, sobre a escravidão negra; "Cry Freedom", filme dirigido por Richard Attenborough, sobre o apartheid na África do Sul; e vários outros.

A minha infância foi em grande parte influenciada pela literatura. Um dos poemas que até hoje me fazem arrepiar por ser um grito à liberdade representado de maneira fantástica pela pena de Olavo Bilac, - e que fez com que eu jamais gostasse de um pássaro preso em gaiola -, foi O Pássaro Cativo.

Por isso, termino o Inspiracionando de hoje com o grito de liberdade do pássaro de Olavo Bilac:

Armas, num galho de árvore, o alçapão
E, em breve, uma avezinha descuidada
Batendo as asas cai na escuridão.


Dás-lhe então, por esplêndida morada,
A gaiola dourada.
Dás-lhe alpiste, e água fresca, e ovos, e tudo.
Porque é que, tendo tudo, há de ficar o passarinho mudo,
Arrepiado e triste, sem cantar?


É que, criança, os pássaros não falam.
Só gorjeando a sua dor exalam,
Sem que os homens os possam entender;
Se os pássaros falassem,
Talvez os teus ouvidos escutassem 
Este cativo pássaro dizer:


'Não quero o teu alpiste!
Gosto mais do alimento que procuro
Na mata livre em que a voar me viste;
Tenho água fresca num recanto escuro
Da selva em que nasci;
Da mata entre os verdores,
Tenho frutos e flores,
Sem precisar de ti!
Não quero a tua esplêndida gaiola!
Pois nenhuma riqueza me consola
De haver perdido aquilo que perdi...
Prefiro o ninho humilde, construído
De folhas secas, plácido e escondido
Entre os galhos das árvores amigas...
Solta-me ao vento e ao sol!
Com que direito à escravidão me obrigas?
Quero saudar as pompas do arrebol!
Quero, ao cair da tarde,
Entoar minhas tristíssimas cantigas!
Porque me prendes? Solta-me, covarde!
Deus me deu por gaiola a imensidade;
Não me roubes a minha liberdade...
Quero voar! voar! ...'


Estas coisas o pássaro diria,
Se pudesse falar.
E a tua alma, criança, tremeria,
Vendo tanta aflição;
E a tua mão, tremendo, lhe abriria
A porta da prisão...
 
Até a próxima,
Stanze

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Paraprosdokian frases

Encontrei a inspiração para o artigo de hoje através de um e-mail enviado por um amigo sobre paraprosdokian frases. Sentenças ou frases paraprosdokian são figuras de linguagem em que a segunda parte complementa a primeira de forma contraditória ou cômica.

O termo tem origem grega e significa "além das expectativas". Por seu caráter irônico esse tipo de frase é comumente usado em comédias. Muito embora o termo não seja tão conhecido em português ele existe tecnicamente como figura de linguagem.

A maioria dos exemplos se encontra na língua inglesa, mas, baseado no conceito acima eu poderia criar as seguintes frases paraprosdokian:
 "Quem tudo quer nada tem, também, se tivesse não havia de querer";
 "Quem com ferro fere, com ferro será ferido, então é melhor ter a vacina anti-tétano às mãos".

Dois exemplos bem conhecidos e muito citados são:
"Copiar de um autor é plágio; copiar de vários é pesquisa"
"Porque se você disser que existem milhões de estrelas todos acreditam, mas dificilmente acreditarão se você disser que o banco está com a tinta fresca?"

Alguns outros exemplos que achei interessantes:
"Ir à igreja não fará de você um cristão, da mesma forma que ir a uma garagem não lhe transformará em carro"
"Conhecimento é saber que tomate é fruta. Inteligência é não colocá-lo na salada de frutas"
"Se eu concordasse com você, ambos estaríamos errados"
"A guerra não determina quem está certo, apenas quem sobrevive"
"Um banco é um local onde você pode pedir dinheiro emprestado, se conseguir provar que não precisa dele"
"Os golfinhos são animais tão espertos que em poucas semanas de cativeiro eles conseguem treinar pessoas a se posicionarem na beira de um aquário e lhes servir peixe"
"A luz viaja mais rápido que o som. É por isso que muitas pessoas parecem brilhantes até que comecem a falar"
"Por trás de um homem de sucesso há sempre uma mulher. Por trás de um fracasso na vida de um homem há sempre a outra mulher"
"Peça sempre dinheiro emprestado de um pessimista. Ele nunca vai esperar que você o pague"
"Um diplomata é uma pessoa que lhe manda para o inferno de uma tal maneira que você começa a esperar ansiosamente pela viagem"
"Quando você estiver tentado a combater fogo com fogo, lembre-se que o corpo de bombeiros usa quase sempre água"
"Você nunca estará velho demais para aprender alguma coisa idiota"
"Algumas pessoas ouvem vozes. Outras vêem pessoas invisíveis. E outras não possuem a menor imaginação"

Até a próxima
Stanze

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Heróis ou anti-heróis?

No último Inspiracionando eu falei sobre criar algo novo de alguma coisa já existente. E até mencionei alguns exemplos em que personagens parecidos ganham outra roupagem através da pena do escritor que os cria.

Pois bem, como estou quase terminando meu primeiro livro já comecei a buscar inspiração para o próximo. Escritores têm várias maneiras de captar a idéia que vai se tornar o enredo de um grande livro. Para o meu primeiro romance fui inspirada em uma pequena nota da revista Newsweek.  A partir do fato criei os personagens e o enredo fictício.

Desta vez eu comecei pelo personagem. Gosto de trabalhar bem próximo da realidade (pelo menos até agora, embora eu queira tentar vários estilos) e criar personagens que tenham suas fraquezas e limitações, além das qualidades positivas. Desta vez estou trabalhando em um anti-herói e buscando inspiração em vários modelos existentes por aí. Do clássico pensei imediatamente em Heathcliff de O Morro dos Ventos Uivantes, ou Dorian Grey de O Retrato de Dorian Grey. Como Heathcliff talvez meu personagem cresça pelas próprias mãos e como Dorian Grey talvez ele venda a alma ao Diabo.

Como a história será mais atual, no mundo e conceitos de hoje, corri no tempo e descobri outro exemplo bastante inspirador: Donald Draper, de Mad Men. Para quem não conhece a série, Mad Men se passa nos anos 60 e conta a história de vários executivos de uma agência de publicidade. O seriado disseca a sociedade norte-americana da época, com todos os seus clichês sobre sexualidade, machismo e cobiça, e levou-me a recordar de Peyton Place, de Grace Metalious.


Estou juntando as peças para criar meu primeiro anti-herói que, embora não seja tão "bandido" carece de alguns escrúpulos para atingir seus objetivos. Aguardem, mas enquanto isso, conheçam Don Draper:



E algumas de suas citações neste pequeno trecho já fazem dele um personagem interessantíssimo:
"Você nasce só e morre só. E este mundo faz de tudo para que você esqueça isso, mas eu não esqueço."
"Eu vivo como se não houvesse amanhã... porque não há"
"O problema não é porque as pessoas fumam, mas sim porque elas fumam Lucky Strike"
"A propaganda é baseada em uma só coisa: felicidade. E sabe o que é felicidade? Felicidade é o cheiro de um carro novo. É libertar-se do medo..."
"As mulheres querem ter escolhas, mas nenhuma quer ser uma entre cem numa caixa. Ela é única, ela faz as escolhas..."
"As pessoas necesitam demais que lhes digam o que fazer. Elas escutam qualquer um."


Até a próxima,
Stanze

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Como criar algo novo?

A idéia desse título me veio de uma fonte: um seriado de TV.

Muitas vezes quando vamos escrever sobre algo nos perguntamos: o que há mais para se criar que ainda não foi contado em termos de literatura? Minha resposta é: tudo. Quando o que escrevemos já foi de uma certa maneira escrita por outro autor o simples truque é mudar algo no personagem, na relação dele com outros personagens, na localização da história, nos anti-personagens, enfim, há várias possibilidades de criar algo inédito a partir do que já existe.

Recentemente descobri esse seriado de 2003 no Youtube. Chama-se: Veritas the Quest. Vou citar alguns elementos desse seriado que com certeza vão fazer com que se lembrem de um filme e personagem famosos. Em Veritas a trama rola em torno de um arqueólogo, professor universitário, que vai em busca de peças raras do passado. Nessa busca ele enfrenta pessoas ou grupos que querem se apoderar dos artifatos para utilizá-los como fonte de poder e opressão.

Com quem se parece esse enredo? Indiana Jones, é claro. Até a busca de uma caveira de cristal conhecida e cobiçada pelos neo-nazistas é enredo de um dos episódios do seriado. O que há de novo então? Pequenos detalhes: o professor/arqueólogo é o líder de um grupo chamado Veritas que tenta desvendar segredos da antiguidade. A relação entre o professor e seu filho adolescente também é diferente e atrai no filme. Existem outras diferenças sutis, muito embora, a grosso modo, o enredo seja muito parecido com as aventuras de Indiana.

Agora pergunto: com tantas coisas semelhantes haveria audiência para esse seriado? Parece que sim. Por ter sido lançado na época da invasão do Iraque e ter perdido o horário pelas transmissões daquela guerra nos Estados Unidos o seriado ficou somente com 13 episódios, mas a reação das pessoas na rede social é descontentamento pelo cancelamento da série.

Quando um enredo é interessante - e relações interpessoais são sempre interessantes - há leitores ávidos a ler a mesma história várias e várias vezes. Para mim, a mágica reside, acima do enredo, no personagem. Quantas e quantas histórias de policiais existem? E quantas têm um detetive como o Sargento Malcolm Ainslie, de Arthur Hailey, em Detetive?

Quantas Alices e Dorothys não existem na literatura e, mesmo assim, serem essas personagens - e tantas outras - independentes e únicas? Alice vai parar no País das Maravilhas e lá encontra personagens estranhos. Dorothy vai parar em Oz (nada a ver com a Austrália) e lá encontra personagens estranhos.

Uma pequena mudança em algo já existente pode criar um novo mundo com dimensão e características próprias. Se tiverem oportunidade (e souberem inglês) procurem Veritas the Quest no Youtube. Lá estão os 13 episódios. Vale a pena!

Até a próxima,
Stanze  

sexta-feira, 17 de junho de 2011

A literatura dos tempos de sombra do Brasil

Estou lendo Diário de Fernando, coletânea dos escritos feitos pelo frade dominicano Fernando de Brito, durante sua prisão em São Paulo, de 1969 a 1973, nos cárceres sujos da repressão militar. Frade Fernando descrevia os fatos que via e vivia em pequenos pedaços de papel que fazia sair da prisão dentro de canetas esferográficas. Esses documentos valiosos do período negro do Brasil foram compilados em livro pelo frei Betto, também vítima da ditadura militar.

Essa literatura documentária que somente se tornou pública muitos anos depois do encerramento do regime militar no Brasil é testemunha fria de dores e sofrimentos impostos não somente aos chamados subversivos, mas a seus familiares, inclusive crianças de meses e idosos.

Vários outros livros/documentos sobre as sevícias sofridas pelos presos e os anos de cárcere sem julgamento ou motivo justo que não o de ser contra um regime autoritário e ousar falar e agir se tornaram provas vivas de uma verdade que o Brasil tentou esconder por muito tempo.

Quando li pela primeira vez Brasil Nunca Mais não pude acreditar que aquilo tudo era a verdade nua e crua.  Um Brasil que se tornava tri-campeão de futebol também se tornava campeão em torturas e ilegalidades. Um Brasil de duas faces, sendo uma delas sórdida e negra. Concordo que havia radicalismo de ambos os lados. Sequestros de embaixadores, mortes de pessoas, atentados e violência não eram exclusivos do regime militar. Mas nada justifica que o poder constituído usasse de seus privilégios de poder e agisse impunemente torturando e prendendo pessoas aleatoriamente.

Ainda bem que mesmo no cárcere, mesmo com dores e sofrimentos esses prisioneiros pensavam, escreviam e faziam daquela dor uma obra literária para as gerações futuras.

Termino o Inspiracionando de hoje com A Internacional,  hino socialista que servia de oração com a qual os presos políticos mantinham a força de viver e que servia de estímulo para que continuassem lutando contra as indignidades e a total ausência de direitos humanos.

De pé, ó vitimas da fome
De pé, famélicos da terra
Da idéia a chama já consome
A crosta bruta que a soterra
Cortai o mal bem pelo fundo
De pé, de pé, não mais senhores
Se nada somos em tal mundo
Sejamos tudo, ó produtores
Bem unidos façamos
Nesta luta final
Uma terra sem amos
A Internacional
Senhores, Patrões, chefes supremos
Nada esperamos de nenhum
Sejamos nós que conquistamos
A terra mãe livre e comum
Para não ter protestos vãos
Para sair desse antro estreito
Façamos nós por nossas mãos
Tudo o que a nós nos diz respeito
Bem unidos façamos
Nesta luta final
Uma terra sem amos
A Internacional
O crime de rico, a lei o cobre
O Estado esmaga o oprimido
Não há direitos para o pobre
Ao rico tudo é permitido
À opressão não mais sujeitos
Somos iguais todos os seres
Não mais deveres sem direitos
Não mais direitos sem deveres
Bem unidos façamos
Nesta luta final
Uma terra sem amos
A Internacional
Abomináveis na grandeza
Os reis da mina e da fornalha
Edificaram a riqueza
Sobre o suor de quem trabalha
Todo o produto de quem sua
A corja rica o recolheu
Querendo que ela o restitua
O povo só quer o que é seu
Bem unidos façamos
Nesta luta final
Uma terra sem amos
A Internacional
Nós fomos de fumo embriagados
Paz entre nós, guerra aos senhores
Façamos greve de soldados
Somos irmãos, trabalhadores
Se a raça vil, cheia de galas
Nos quer à força canibais
Logo verás que as nossas balas
São para os nossos generais
Bem unidos façamos
Nesta luta final
Uma terra sem amos
A Internacional
Pois somos do povo os ativos
Trabalhador forte e fecundo
Pertence a Terra aos produtivos
Ó parasitas deixai o mundo
Ó parasitas que te nutres
Do nosso sangue a gotejar
Se nos faltarem os abutres
Não deixa o sol de fulgurar
Bem unidos façamos
Nesta luta final
Uma terra sem amos
A Internacional

Até a próxima
Stanze

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Revisão Ortográfica - está funcionando?

A recente Revisão Ortográfica do Português, a terceira em menos de 70 anos, objetiva aproximar a redação dos países de língua portuguesa. Várias discussões têm surgido sobre esse objetivo mas a principal questão que levanto é: por quê? Porque temos essa necessidade de eliminar as diferenças regionais no nosso idioma quando outro países que usam línguas semelhantes não o fazem?

Austrália, Reino Unido e Estados Unidos falam inglês, mas cada um tem sua maneira própria de usar a língua. Entre esses países existem até diferenças em termos de pessoa verbal. Nos EUA, por exemplo, se diz: "Spain is the champion" enquanto que no inglês britânico se diz: "Spain are the champion".

A diferença é ainda maior nos países de língua espanhola. Não quero dizer que devamos seguir o que outros países fazem com suas línguas, mas todas essas mudanças ocorridas na língua portuguesa em tão curto tempo só serve para desalfabetizar os alfabetizados.

Algumas das mudanças, por exemplo, alterarão completamente a pronúncia de certas palavras. A retirada dos acentos agudos do verbo PELAR deixarão as palavras PELO (1a pessoa sing. verbo PELAR) com a mesma pronúncia do PELO animal. Dizer, ou mesmo escrever, a frase: "eu pelo o pelo" parecerá linguagem de maluco. Hoje ainda se sabe que o verbo se pronuncia PÉLO, mas daqui a alguns anos a pronúncia será a mesma para as duas palavras (e não haverá como justificar a diferença). Será esse um dos objetivos da reforma?

O hífen sumirá da maioria das palavras, mantendo-se somente quando a segunda palavra começar com H, como pré-história (ainda bem que mantiveram a pré-história intacta!). Tudo bem, concordo que o uso do hífen é mesmo complicado, mas daí a criar hífen em palavras em que ele não existia, como micro-ondas? Para quê? Só a explicação da regra já é complicada: "Em substantivos compostos (e eu lá sabia que microondas era composto?) cuja última letra da primeira palavra e a primeira letra da segunda palavra são a mesma, será feita a introdução do hífen" . Isso parece charada!!!

As letras suprimidas por revisões anteriores, como K, W e Y retornam (a volta dos filhos pródigos) mas somente para serem usadas em palavras estrangeiras. Essa regra deve valer somente para o Brasil porque em Portugal a maioria das palavras estrangeiras são "aportuguesadas" (o próprio "mouse" é "rato" por lá). Pelo menos agora posso dizer que meu nome é legalizado e não "esdrúxulo", como eram conhecidas essas consoantes.

A supressão das consoantes mudas, como o C de FACTO (essa vale mais para Portugal) está causando polêmica na terrinha. Um amigo meu já não sabe se vai contar um FATO ou usar um FATO (facto, originalmente). Será eliminado também o H mudo em certas palavras, principalmente para Portugal, que usará ERVA em vez de HERVA e ÚMIDO, em vez de HÚMIDO. Agora pergunto: E o HOMEM, fica com H ou Ney Matogrosso também será abolido ao dizer que é Homem com H? Como justificar em Portugal que ERVA deixou de ter H, mas HOMEM continua tendo?

Se vocês por acaso entenderem melhor onde isso tudo vai nos levar, me expliquem. Desse jeito já prevejo para daqui a poucos anos outra revisão ortográfica, desta vez para adotar a linguagem dos torpedos e chats da internet. BLZ?

Até a próxima,
Stanze

sexta-feira, 3 de junho de 2011

De volta à ativa

Olá amigos

Após um período de briga com o blogspot e sem conseguir visualizar minhas próprias postagens achei que o Inspiracionando estaria sem muito futuro por aqui. Recentemente instalei o Google Chrome e descobri que a minha briga deveria ter sido com meu próprio browser!!! Mas enfim eis-me aqui online!

Estar de volta à ativa também significa que estou investindo mais em minha arte literária. Decidi que se não for agora não vai nunca mais. Estou dedicando tempo para terminar meu primeiro romance e já tenho idéias para mais dois. Lancei um blog do meu livro para que os que quiserem possam acompanhar meu processo criativo e minha luta com meus personagens e comigo mesma! http://ojardimdedeuslivro.blogspot.com

Nessa montanha russa criativa estou revendo várias técnicas literárias e realizando alguns exercícios que para mim servem de "aquecimento" antes de escrever cada capítulo do meu livro. Um dos meus muros -  às vezes alto e às vezes baixo - são as descrições, tanto de personagens quanto de locais ou cenários. No livro Description and Setting, Ron Rozelle observa que há dois tipos de ficção, a literária e a popular. A classificação não é discriminatória, apenas observatória. Na verdade, existem grandes autores em ambos os gêneros e vários leitores que gostam dos dois tipos (eu, por exemplo).

Em se tratando de descrições, o leitor da ficção literária não se importa com as longas passagens descritivas e os detalhes minuciosos que o autor lhe dá, pois está mais interessado em ver como a hitória se desenvolve a partir desse caminho longo e vivo que lhe é apresentado. Já o leitor da ficção popular está mais envolvido com a trama, dando pouca importância a muitos detalhes.

Literária ou popular toda ficção possui descrições e cenários que ajudam o leitor a se situar dentro da trama. Uma das sugestões para desenvolver a capacidade descritiva é ler autores diferentes e observar como eles transformam o ambiente em seu aliado no desenrolar do romance ou conto. Outro instrumento é aplicar os cinco sentidos na descrição de um ambiente.

Termino esta postagem de hoje com dois exercícios interessantes que facilitam o desenvolvimento de uma boa descrição.
1-faça uma lista de alguns elementos (de 5 a 10) que você incluiria em uma descrição nas seguintes situações:
- uma partida de futebol;
- uma estação de metrô;
- um hospital;
- uma praia.
Escolha agora alguns desses elementos e descreva-os em uma frase para situar o leitor no ambiente sugerido.

2 - Utilizando as mesmas situações acima use os cinco sentidos (ou alguns deles) - visão, olfato, audição, tato e paladar - para descrever os ambientes.

Até a próxima,
Stanze

sexta-feira, 4 de março de 2011

Um triângulo carnavalesco

Sexta feira de Carnaval e como não falar de alguns dos principais personagens dessa festa?

"Um Pierrot apaixonado,
que vivia só cantando, 
por causa de uma Colombina,
acabou chorando, 
acabou chorando..."



O Pierrot, a Colombina e o Arlequim são criações literárias da Commedia dell'Arte italiana. Pierrot, cujo nome italiano original era Pedrolino, representado por uma máscara com uma lágrima, é o protótipo do bobo apaixonado. Sem poder competir com Arlequim, alegre e vivalhão, vestido com sua característica roupa axadrezada, pelo amor de Colombina, Pierrot resigna-se a chorar. Vestido de branco representa a pureza e inocência. A face triste e as roupas bufantes de Pierrot serviramd e inspiração para muitos dos palhaços de circo modernos.

Esse estilo teatral iniciou-se no século XVI e era caracterizado pela presença constante dos mesmos personagens (alguns a mais do que os três citados acima) e pelo uso improvisado do texto. Havia apenas um argumento básico que dava liberdade a que os atores (que em geral sempre encarnavam os mesmos personagens) usassem fatos da época ou da cidade em que se apresentavam como parte da história que se desenrolava no palco. As máscaras cobriam somente metade do rosto para que a dicção ficasse perfeita. A mímica também era muito usada em virtude da enorme variedade de dialetos existentes na Itália naquela época. A Commedia dell'Arte surgiu também como resposta à Comédia Erudita, falada em Latim, o que dificultava a participação social nas peças.

Do teatro de rua, lá nos longínquos anos 1500, esses três personagens sobreviveram séculos para ainda hoje serem representados nas ruas do Carnaval, seja em Veneza ou no Brasil.

Aproveitem o Carnaval, Pierrots, Arlequins e Colombinas!!!

Até a próxima
Stanze
  

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

10 Elementos Essenciais da Narrativa

Na última semana o Inspiracionando não foi atualizado porque eu estava longe do meu computador, mas já estou de volta!

Descobri entre meus papéis um excelente guia com os elementos essenciais de uma narrativa, útil tanto para o escritor quanto para o leitor crítico. Cada elemento traz algumas perguntas que são interessantes para se verificar se pontos importantes foram explorados.

1 - Personagens - as pessoas na narrativa
  • Os personagens são interessantes?
  • Os personagens são bem elaborados? Você é capaz de "vê-los"?
  • Os personagens se distinguem uns dos outros?
  • O protagonista cresce ou muda durante o desenrolar da narrativa?
2 - Narrativa - a sequência dos eventos
  • A narrativa é interessante? Cativante? Dramática?
  • Há suficiente conflito?
  • A narrativa se move para a frente? Há aumento da tensão?
  • Há partes da narrativa que são desnecessárias? Há partes necessárias que não foram contadas?
3 - Ponto de Vista - o ponto de vista pelo qual a narrativa é contada
  • O ponto de vista usado é correto para a história que está sendo contada (primeira pessoa, terceira pessoa, etc)?
  • O ponto de vista é consistente durante toda a narrativa?
4 - Descrição - o modo como as coisas são descritas
  • As descrições funcionam?
  • Há muito ou pouca descrição?
  • As descrições usam os sentidos (tato, olfato, visão, etc)?
  • Adjetivos e advérbios são usados em demasia?
  • São usados muitos clichês?
  • A linguagem figurada é usada apropriadamente (metáfora, símile, etc)
5 - Diálogo - o que os personagens dizem
  • Há muito ou pouco diálogo?
  • O diálogo soa natural?
  • O diálogo reflete os personagens?
  • Os diálogos são muito "claros" - onde o que o personagem diz é sempre exatamente o que ele quer dizer?
6 - Cenário - local e tempo
  • A narrativa é consistente em seu tempo e espaço?
  • Há muito ou pouca descrição do cenário?
  • O cenário ajuda o espírito da narrativa?
7 - Tempo - a manipulação do tempo na narrativa
  • Há passagens que deveriam ser eliminadas ou descritas com mais rapidez?
  • Há passagens que deveriam ser mais vagarosas?
  • Há muitos flashbacks?
8 - Voz - o "som" do narrador
  • A voz do narrador é atraente ou distrai muito?
  • A voz soa natural ou afetada?
  • A voz é consistente em toda a narrativa?
9 - Estilo - as escolhas estilísticas
  • As palavras usadas são consistentes com a voz do narrador?
  • As sentenças e parágrafos são muito longas ou muito curtas?
  • Há algum estilo usado na narrativa que provoca distração em vez de acentuar o teor da narrativa?
10 - Tema - o significado por trás da narrativa
  • Há um sentido na história?
  • O tema central é explorado pelo narrativa?
Olhando a lista acima parece assustador para quem se dispõe a escrever uma história. Mas na maioria das vezes os elementos surgem automaticamente no decorrer da narrativa. Entretanto, no processo de revisão é sempre interessante observar essa lista e verificar se a história, em alguns desses pontos, pode ser melhorada.

Até a próxima
Stanze

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Cuidemos do nosso português

A língua portuguesa, como toda língua viva, está sofrendo mudanças. Recentemente tivemos um rol de novas regras a serem acrescentadas às já existentes em nossa língua mater. Regras essas que muitos concordam e vários discordam. Basicamente as grandes mudanças foram em alguns acentos e no uso de hífens. Eu particularmente manterei meu estilo de escrever à "moda antiga" pois não vejo lógica nas mudanças apresentadas.

Entretanto, existem algumas regras básicas e essenciais da nossa gramática que devem ser observadas por aqueles que querem escrever bem ou por aqueles que têm a obrigação de escrever bem.

Frequentemente vejo dois erros constantes na fala ou na escrita das pessoas:

1 - a mistura da segunda com a terceira pessoa, respectivamente, tu e você. Muito embora o você seja usado para determinar a pessoa com quem se fala, o verbo e pronomes que o acompanham são da terceira pessoa do singular. Uma frase bem construída não pode começar com tu e terminar com você. Isso é bigamia!
Alguns exemplos:

Eu sei que você foi mas porque tu não me chamaste?
Eu te dei um toque mas você não veio.

2 - a troca do infinitivo verbal pela terceira pessoa do singular.
Alguns exemplos:

João não quer continuá o trabalho
Ele pediu para eu fazê.
Teu avô mandou te dizê que...

Esses erros são muito comuns no nosso dia-a-dia. Mas devemos cuidar sempre para que o nosso português ainda seja a língua mais bonita e rica que há.

Até a próxima
Stanze

sábado, 29 de janeiro de 2011

O Mundo Maravilhoso dos Sonhos

Nesta semana que passou resolvi experimentar um dos exercícios de estimulação do lado direito do cérebro que publiquei no artigo anterior deste blog, e decidi me aventurar no Maravilhoso Mundo Technicolor dos Sonhos.


Para isso, coloquei ao lado da minha mesinha de cabeceira bloco e caneta e anotei, sempre que pude me lembrar, os sonhos – ou trechos deles – que tive durante a semana.

A experiência foi estimulante e interessante. As imagens quebradas vinham à minha mente como flashes e, posso confessar, que às vezes senti dificuldades em registrá-las no papel de maneira rápida para não perder a visão da noite anterior, com seus detalhes, sons e cores.

Tiveram alguns dias, sim, em que nada me veio à mente na hora em que acordei. Era como se eu não tivesse sonhado. Mas isso não teve importância no conjunto do exercício. O caleidoscópio de imagens e acontecimentos que eu obtive nos outros dias já era maravilhoso.

Alguns dos sonhos foram meio caóticos, misturando momentos de ficção ou atos de heroísmo com pequenas coisas pé-no-chão. Outros foram serenos, imagens incompletas de ações normais do dia-a-dia. Algumas sequências desconexas, algumas vezes diálogos completos.

Os sonhos mais fascinantes, enretanto, foram aqueles que me trouxeram imagens e lugares da infância, como minha casa no bairro do Anil em São Luís. Acreditem ou não, ao acordar eu ainda podia sentir o vheiro da natureza exuberante e das árvores frutíferas que coloriam o quintal da nossa casa-sítio. O Anil sempre foi para mim sinônimo de liberdade, árvores, imensidão e férias.

O exercício no todo foi extremamente satisfatório. Meu lado direito não me decepcionou e, ao contrário, me proporcionou muito material para escrever e pensar.

Pretendo agora realizar o exercício da associação de palavras, o Rico Cluster. Relatarei depois os resultados que obtiver.

E vocês, experimentaram algum? Se sim, gostaria de ouvir o que obtiveram e trocar experiências.

Até a próxima

Stanze

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Inspiração espiritual

Hoje vou fazer aqui uma experiência que venho tentando experimentar há algum tempo. Um dos meus estudos e hobbies é a cartomancia. Muitas pessoas consideram a cartomancia como pecado e coisa do capeta. Na verdade, a cartomancia, pelo menos para mim, é somente um instrumento que permite elevar a minha intuição e percepção próprias e do mundo que me cerca.

Resolvi então utilizar essa energia e saber cósmico na literatura. Para a primeira experiência utilizei o Baralho Cigano. Este baralho é diferente do Baralho Cigano que conhecemos no Brasil, baseado nas cartas utilizadas por Madame Le Normand. O Baralho Cigano que utilizei, por causa da expressividade das imagens representadas nas cartas.


Embaralhei e retirei do monte, sem ver, três cartas. As cartas selecionadas foram (infelizmente não consegui imagens das cartas para mostrar):

Pensador - mostra um jovem sentado em um banco, com um olhar pensativo e melancólico;
Oficial - mostra um policial vestido como um gendarme francês;
Acidente - mostra uma casa pegando fogo, com uma mulher e uma criança sendo socorridas por bombeiros.

Como para a minha experiência não interessa realmente o que as cartas significam ou não, passei a me concentrar somente nos desenhos e no que eles me traziam à mente. Imediatamente imaginei o seguinte tema para um futuro conto ou história:

- um jovem está seriamente envolvido com a polícia e algum acidente causado por ele ou não. Seriam a mulher e a criança sua família? Elas pereceram no fogo? Foi ele o culpado? Foi alvo de uma vingança? Está sendo suspeito?

Somente nesses poucos questionamentos já há material suficiente para um bom enredo.

Fiz a mesma experiência com o Tarot. Eu gosto muito do Tarot da Nova Visão porque ele traz as figuras conhecidas do Tarot invertidas, ou seja, as figuras estão de costas e tem-se a impressão que vemos o mundo pela visão das cartas.

Procedi da mesma maneira e selecionei três cartas (podem ser mais cartas, se quiserem). As cartas que tirei foram:

7 de Espadas - que mostra um homem carregando consigo de modo suspeito 5 espadas e deixando duas para trás;
4 de Copas - mostra uma pessoa encostada em uma árvore com 3 cálices ao seu lado e um quarto lhe sendo oferecido por uma mão. Ela está ignorando essa mão e observando somente um cavalo branco alado que voa em sua direção;
O Arcano Maior XXI que representa o Mundo - mostra uma mulher dentro de um círculo formado por louros, segurando dois cetros.

Ignorando o real significado das cartas concentrei-me novamente nas imagens. A idéia que me veio à cabeça foi que a pessoa sentada perto da árvore era uma mulher que estava amorosamente decepcionada. Nada que lhe diziam ou ofereciam valia a pena. Ela pensava somente em algo inatingível naquele momento. O homem fugindo com as espadas seria aquela pessoa na qual ela pensava. Ela estava grávida (o Mundo representado pela figura no meio do círculo como um útero). Esta gravidez era desejada ou não? Eles seriam casados? Ou somente ele seria casado? Ele teria desaparecido por causa da gravidez?

E por aí vai até onde sua imaginação permitir. Achei um exercício magnífico para desbloquear a mente e criar novas possibilidades de enredos. E, para quem acha que essas cartas sejam profanas, esse exercício pode ser feito com figuras aleatórias e selecionadas ao acaso. O interessante, porém, é selecionar as figuras aleatoriamente, pois isso permite que a mente seja pega de surpresa e seja forçada a criar do inesperado.

Até a próxima,
Stanze

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

O balanço do cérebro

Todos nós já ouvimos falar dos dois lados do nosso cérebro: o lado esquerdo racional e o direito intuitivo. Frequentemente no dia a dia usamos mais o lado esquerdo,  que nos dá direção e ajuda a nos organizar, enquanto deixamos o lado direito, mais criativo e espontâneo, "de lado".

Todo escritor tem que saber balancear esses dois lados para produzir algo legível e ao mesmo tempo excitante. O lado direito é o estímulo do escritor, de onde sai a imaginação, a criatividade. Só que é o lado esquerdo que transforma essa xplosão de criatividade em algo ordenado e objetivo para que o leitor possa entender e visualizar a criatividade do escritor. Por outro lado, somente o uso técnico do lado esquerdo não consegue passar para uma obra sua parte mais interessante: a creatividade e imaginação. Não há produção sem os dois lados.

Em uma revista do Writer's Digest li uma reportagem interessante sobre o balanço do cérebro e alguns exercícios interessantes para estimular o nosso lado direito.
  • Classic Rico Cluster (Tarefa Clássica Rico) - escreva uma palavra. Faça um círculo sobre ela. Escreva outra palavra ou frase que lhe vier à cabeça. Circunde-a. Trace uma linha conectando a segunda palavra com a primeira. À medida em que for escrevendo novas frases ou palavras ligue-as sempre com outra palavra, seja a primeira ou qualquer outra que veio depois, tentando achar uma conexão entre elas. Esse é o trabalho do lado direito. Agora o esquerdo só tem que montar os textos ou idéias com as ligações feitas;
  • Cagean Chance Operations (Operações Cagianos do Acaso) - John Cage dizia que para se atingir o verdadeiro acaso tinha-se que ter um plano. Pegue seu livro favorito e a cada 10 páginas dele escreva a primeira palavra completa que existir na página selecionada. Estude sua lista de palavras ao acaso e veja se descobre padrões entre elas. Não? Então pegue a sua favorita e a use para uma Tarefa Rico mencionada no primeiro exercício;
  • The Vaughnean Doodle (A Criatura Vaughniana) - Michael J. Vaughn é escritor e desenvolveu esse método para balancear os dois lados do cérebro. Desenhe uma série de linhas que se interceptam como estradas em um mapa rodoviário (não pense muito). Quando elas começarem a tomar forma coloque alguns elementos faciais, como olhos, boca, nariz, orelhas. Estude agora a criatura que você criou e escreva sobre ela: quem é, o que tem feito, como se sente - ou use-a apenas como um personagem em uma história;
  • The Amazing Technicolor Dreambook (O Deslumbrante Livro de Sonhos em Technicolor) - mantenha um lápis e um bloco de notas em sua mesa de cabeceira. Imediatamente após acordar escreva tudo que puder lembrar de seus sonhos. Nada tem que fazer sentido - esse é somente a maneira de seu lado direito do cérebro processar as lembranças do dia.   
Se alguém tentar uma dessas técnicas eu gostaria de ouvir os resultados.

Até a próxima
Stanze   

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Calma e assertividade - uma grande auto-ajuda

Um dos tipos de literatura mais bem vendidos atualmente são os livros de auto-ajuda. Livros que, de um modo ou de outro, lhe ensinam a se tornar uma pessoa mais forte, mais organizado, mais auto confiante ou até mais rico. Os 7 Hábitos das Pessoas Altamente Eficazes, de Stephen Covey, por exemplo, é um dos livros nessa área que mais me ajudou em vários sentidos: na organização, na prioridade das coisas e no alcance do próprio bem-estar.




Outro livro que li recentemente e que, em princípio, não é mencionado dentro dessa área de auto-ajuda, mas que o deveria ser, é Cesar’s Way, de Cesar Millan. Cesar Millan é conhecido mundialmente por reabilitar cachorros e treinar pessoas a serem verdadeiros líderes para seus animais de estimação. O que Cesar passa através de seus anos de experiência é que a energia é a base principal da relação entre humano e animal. O cachorro sente e reflete a energia do seu dono e das pessoas ou animais à sua volta. Através da experiência de lidar com um cachorro, Millan nos ensina como manter a calma, a auto-confiança, a positividade e liderança.



E ele vai além disso. Seus ensinamentos e própria experiência de vida nos mostram que a lei da atração existe e que é facilmente comprovada na relação ser humano-animal. Para que se obtenha uma atitude submissa de nossos cachorros, temos que nos manter sempre calmos e assertivos. Uma maneira de fazer isso é projetar na nossa cabeça o que queremos que aconteça em determinada situação com o nosso animal. Se queremos que ele caminhe tranquilo ao nosso lado, o primeiro passo é imaginar essa cena ocorrendo, criar um filme ou um script na nossa mente. Isso nos dá uma tranquilidade imediata e cria uma energia positiva e calma que é captada pelo cão. Atraímos o que queremos através do pensamento e da confiança de que vamos viver aquela situação. O cachorro é o melhor seguidos desse vortex de atração e energia. Cesar complementa seus ensinamentos dizendo que ter um cão é como ter um espelho para nossa energia e estado de humor. O cão nos mostra como estamos a cada dia através de sua reação a nossa aura. Querem livro de auto-ajuda melhor que esse?

Já que entrei no assunto de cachorros conheci, através da televisão, uma iniciativa muito interessante: um calendário feito somente com fotos de cachorros vira-lata. Escreverei em breve no blog Daquiprai (http://daquiprai.wordpress.com/) uma matéria mais completa sobre essa idéia, mas de antemão publico aqui o site do Celebridade Viralata para quem quiser conhecer (e adquirir) o calendário vira-lata (http://www.celebridadeviralata.com.br/).

Um maravilhoso 2011 para todos e um bom final de semana!

Até a próxima

Stanze