sexta-feira, 10 de junho de 2011

Revisão Ortográfica - está funcionando?

A recente Revisão Ortográfica do Português, a terceira em menos de 70 anos, objetiva aproximar a redação dos países de língua portuguesa. Várias discussões têm surgido sobre esse objetivo mas a principal questão que levanto é: por quê? Porque temos essa necessidade de eliminar as diferenças regionais no nosso idioma quando outro países que usam línguas semelhantes não o fazem?

Austrália, Reino Unido e Estados Unidos falam inglês, mas cada um tem sua maneira própria de usar a língua. Entre esses países existem até diferenças em termos de pessoa verbal. Nos EUA, por exemplo, se diz: "Spain is the champion" enquanto que no inglês britânico se diz: "Spain are the champion".

A diferença é ainda maior nos países de língua espanhola. Não quero dizer que devamos seguir o que outros países fazem com suas línguas, mas todas essas mudanças ocorridas na língua portuguesa em tão curto tempo só serve para desalfabetizar os alfabetizados.

Algumas das mudanças, por exemplo, alterarão completamente a pronúncia de certas palavras. A retirada dos acentos agudos do verbo PELAR deixarão as palavras PELO (1a pessoa sing. verbo PELAR) com a mesma pronúncia do PELO animal. Dizer, ou mesmo escrever, a frase: "eu pelo o pelo" parecerá linguagem de maluco. Hoje ainda se sabe que o verbo se pronuncia PÉLO, mas daqui a alguns anos a pronúncia será a mesma para as duas palavras (e não haverá como justificar a diferença). Será esse um dos objetivos da reforma?

O hífen sumirá da maioria das palavras, mantendo-se somente quando a segunda palavra começar com H, como pré-história (ainda bem que mantiveram a pré-história intacta!). Tudo bem, concordo que o uso do hífen é mesmo complicado, mas daí a criar hífen em palavras em que ele não existia, como micro-ondas? Para quê? Só a explicação da regra já é complicada: "Em substantivos compostos (e eu lá sabia que microondas era composto?) cuja última letra da primeira palavra e a primeira letra da segunda palavra são a mesma, será feita a introdução do hífen" . Isso parece charada!!!

As letras suprimidas por revisões anteriores, como K, W e Y retornam (a volta dos filhos pródigos) mas somente para serem usadas em palavras estrangeiras. Essa regra deve valer somente para o Brasil porque em Portugal a maioria das palavras estrangeiras são "aportuguesadas" (o próprio "mouse" é "rato" por lá). Pelo menos agora posso dizer que meu nome é legalizado e não "esdrúxulo", como eram conhecidas essas consoantes.

A supressão das consoantes mudas, como o C de FACTO (essa vale mais para Portugal) está causando polêmica na terrinha. Um amigo meu já não sabe se vai contar um FATO ou usar um FATO (facto, originalmente). Será eliminado também o H mudo em certas palavras, principalmente para Portugal, que usará ERVA em vez de HERVA e ÚMIDO, em vez de HÚMIDO. Agora pergunto: E o HOMEM, fica com H ou Ney Matogrosso também será abolido ao dizer que é Homem com H? Como justificar em Portugal que ERVA deixou de ter H, mas HOMEM continua tendo?

Se vocês por acaso entenderem melhor onde isso tudo vai nos levar, me expliquem. Desse jeito já prevejo para daqui a poucos anos outra revisão ortográfica, desta vez para adotar a linguagem dos torpedos e chats da internet. BLZ?

Até a próxima,
Stanze

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