sexta-feira, 15 de julho de 2011

Liberdade, liberdade

Um dos temas que mais tem inspirado autores é a liberdade. A liberdade em todas as suas formas e faces é retratada em várias artes: literatura, pintura, escultura, filmes, etc. Esse tema é - e sempre será forte - porque é inerente do ser humano e, em cada local ou momento em que a liberdade é atacada, surge um conflito que gera palco para grandes atos e consequentemente grandes histórias.

Quando se fala em liberdade pode-se citar milhares de exemplos ao longo da história até os dias de hoje: as guerras de independência, as lutas contra a escravidão, a opressão existente, principalmente contra a mulher, nos países muçulmanos, a luta pela simples expressão na era comunista, e por aí vai. De homens a animais, da repressão física à psicológica, nenhum ser vivo foi criado para ter as suas asas cortadas e ter seus limites determinados por outrem.

Grandes exemplos na literatura e no cinema estão presentes em "Como era Verde o meu Vale", de Richard Llewellyn, que fala da repressão social causada pelo trabalho semi escravo nas minas de carvão; "Negras Raízes", de Alex Haley, sobre a escravidão negra; "Cry Freedom", filme dirigido por Richard Attenborough, sobre o apartheid na África do Sul; e vários outros.

A minha infância foi em grande parte influenciada pela literatura. Um dos poemas que até hoje me fazem arrepiar por ser um grito à liberdade representado de maneira fantástica pela pena de Olavo Bilac, - e que fez com que eu jamais gostasse de um pássaro preso em gaiola -, foi O Pássaro Cativo.

Por isso, termino o Inspiracionando de hoje com o grito de liberdade do pássaro de Olavo Bilac:

Armas, num galho de árvore, o alçapão
E, em breve, uma avezinha descuidada
Batendo as asas cai na escuridão.


Dás-lhe então, por esplêndida morada,
A gaiola dourada.
Dás-lhe alpiste, e água fresca, e ovos, e tudo.
Porque é que, tendo tudo, há de ficar o passarinho mudo,
Arrepiado e triste, sem cantar?


É que, criança, os pássaros não falam.
Só gorjeando a sua dor exalam,
Sem que os homens os possam entender;
Se os pássaros falassem,
Talvez os teus ouvidos escutassem 
Este cativo pássaro dizer:


'Não quero o teu alpiste!
Gosto mais do alimento que procuro
Na mata livre em que a voar me viste;
Tenho água fresca num recanto escuro
Da selva em que nasci;
Da mata entre os verdores,
Tenho frutos e flores,
Sem precisar de ti!
Não quero a tua esplêndida gaiola!
Pois nenhuma riqueza me consola
De haver perdido aquilo que perdi...
Prefiro o ninho humilde, construído
De folhas secas, plácido e escondido
Entre os galhos das árvores amigas...
Solta-me ao vento e ao sol!
Com que direito à escravidão me obrigas?
Quero saudar as pompas do arrebol!
Quero, ao cair da tarde,
Entoar minhas tristíssimas cantigas!
Porque me prendes? Solta-me, covarde!
Deus me deu por gaiola a imensidade;
Não me roubes a minha liberdade...
Quero voar! voar! ...'


Estas coisas o pássaro diria,
Se pudesse falar.
E a tua alma, criança, tremeria,
Vendo tanta aflição;
E a tua mão, tremendo, lhe abriria
A porta da prisão...
 
Até a próxima,
Stanze

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