quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Guerra de Palavras

Das guerras de confete e serpentina do Carnaval que já passou – e que eu curti apenas através dos CDs da Beth Carvalho e algumas caipirinhas – me inspirei para escrever sobre outra guerra, nem sempre tão alegre, algumas vezes inspiradora e inteligente, e outras tantas, abusiva e difamadora: a guerra das palavras.

Assistindo recentemente a série da TV Globo, Dalva e Herivelto, que conta a história da cantora Dalva de Oliveira e do cantor e compositor Herivelto Martins, achei curiosa a maneira com que os dois passaram a digladiar através das músicas que cantavam na rádio, após a dissolução do seu casamento.

Vejam só este exemplo, de autoria de Herivelto Martins e David Nasser:


Atiraste uma Pedra


Atiraste uma pedra no peito de quem
só te fez tanto bem
E quebraste um telhado, perdeste um abrigo
Feriste
um amigo
Conseguiste magoar quem das mágoas te livrou
Atiraste uma pedra
com as mãos que essa boca
Tantas vezes beijou
Quebraste um telhado
Que nas noites de frio te servia de abrigo
Perdeste um amigo que os teus
erros não viu
E o teu pranto enxugou

Mas acima de tudo atiraste uma
pedra
Turvando esta água
Esta água que um dia, por estranha ironia
Tua sede matou
Atiraste uma pedra no peito de quem
Só te fez tanto
bem


E a resposta, interpretada por Dalva de Oliveira, escrita por Wilson Batista

Calúnia


Quiseste ofuscar minha fama
E até jogar-me
na lama
Só porque eu vivo
a brilhar
Sim,mostraste ser invejoso
Viraste até mentiroso
Só para
caluniar.
Deixa a calúnia de lado
Se de fato és poeta
Deixa a
calúnia de lado
Que ela a mim não afeta
Tu me ofendes,tu serás o
ofendido
Pois quem com o ferro fere
Com
ferro será ferido.


Para quem quiser (re)ver um pouquinho dessa maravilhosa série e, especificamente da fase em que ambos brigavam através da música, achei este link no You Tube

A imprensa sempre foi o meio mais conhecido para protestar, reclamar e difamar, principalmente governos e pessoas. Pensem nos famosos pasquins e terão um exemplo perfeito do que estou falando.

O professor da Universidade Federal do Maranhão, Sebastião Jorge, escritor, jornalista e advogado, em seu livro Política Movida a Paixão, conta a trajetória jornalística de Odorico Mendes, escritor do jornal O Argos da Lei, onde defendia os interesses do país e da província do Maranhão de uma maneira ofensiva contra os desmandos de Portugal, e das batalhas literárias que travou contra seu arquiinimigo, o jornalista Garcia de Abranches e seu O Censor. Na maioria das vezes, como era de se esperar de dois cavalheiros educados nos idos de 1820, a guerra era primorosa e inteligente, porém, em outras vezes a civilidade deu lugar a ofensas e insultos. Uma leitura saborosa e histórica.

Mais detalhes do livro nesta resenha da Revista PJ:BR de setembro de 2005. Para vê-la, clique aqui.

Até a próxima!

Stanze

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