sexta-feira, 5 de março de 2010

E Se Houver Uma Pedra no Meio do Caminho?

Um dos maiores medos que aflige todo escritor é o chamado bloqueio (writer’s block). Imaginamos um personagem, criamos e desenvolvemos suas feições, caráter, maneiras, aparências, lhe damos um mundo e uma história mas, de repente ...

“...no meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho...”
(Carlos Drummond de Andrade)

Nosso personagem olha para um lado e para o outro. Essa pedra é tão grande que tapa a visão do outro lado, esconde o horizonte e cresce, cresce e cresce. Nosso personagem nos olha, levanta os braços, coça a cabeça e nos pergunta:

E agora? Tira essa pedra do meu caminho porque eu quero passar e continuar a minha história.

E agora?, pergunto eu. Como podemos dizer a ele que a história não existe exatamente porque a pedra se colocou no meio do caminho?



Essa pedra um dia aparece para quase todos os escritores.E às vezes não é uma só, mas várias pedras, que surgem na mesma ou em diferentes histórias. Para deslocar essa pedreira toda é interessante ter algumas alavancas. Uma delas é a técnica do E SE?


Lá vai nosso personagem. Ele é um aventureiro e repórter fotográfico, gosta de viajar e explorar lugares exóticos. Um dia ele.... Numa viagem ele.... e agora? A tal da pedra apareceu e as idéias sumiram. Peguem a alavanca E SE? e cutuquem a pedra até que se mova e desobstrua o caminho.

E SE o fotógrafo se apaixona por uma moça que não gosta de viajar?
E SE numa viagem ele pega uma doença estranha e tem que ficar imobilizado?
E SE ele ficar cego num acidente?
E SE ele for roubado e perder a sua câmara com as mais raras fotos?
E SE ele descobrir um tesouro secular?
E SE ele encontrar uma passagem misteriosa para um outro mundo?

Brincando com a alavanca do E SE nós até podemos mudar completamente o rumo da narrativa. O que seria inicialmente uma história de aventura abre caminho para um romance, ou uma ficção científica ou um drama. As possibilidades são infinitas e a alavanca pode ser utilizada em qualquer momento do processo da criação.

Lembrem-se que Arquimedes só queria uma alavanca e um ponto de apoio para mover o mundo. Nós escritores precisamos de um pouco menos do que isso para criar um mundo.


Até a próxima


Stanze

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