sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Tempo limite: uma idéia inspiradora

Trabalhar com limites de tempo muitas vezes é um ótimo instrumento para treinar a nossa mente para a criatividade espontânea. Às vezes, quando temos muito tempo para fazer algo, postergamos a tarefa para o último minuto e acabamos por ter um resultado insatisfatório.

Escrever é um processo. Muitas vezes temos o dom, mas somente a prática leva à perfeição. E a prática necessita de um estímulo. Esse estímulo pode ser visual, olfativo, auditivo, sensitivo ou, como no meu caso, limitativo. Quando tenho um limite certo e curto para realizar algo, a coisa flui com mais energia e força.

Para demonstrar na prática o que estou falando, participei uma vez de um concurso on-line que nos dava uma imagem e 15 minutos para criar algo em cima daquilo.  De um desses exercícios saiu o pequeno conto que transcrevo abaixo. A imagem era de um pescador sentado à beira de um lago azul e sereno. Chamei o texto de Pescador:

"Lá está ele novamente. Semana após semana ele vem e com aquela vara longa tenta me pegar. Eu sei que é comigo porque eu vi nos seus olhos, por baixo do boné que ele usa. Ele é chamado de pescador. Eu o chamo de Deus. Ele tem o poder da vida e da morte, por isso que lhe dei esse nome.


Mesmo assim, ele é bom. Eu já vi alguns maus vindo com redes grandes e levando as crianças e as senhoras sem nenhum discernimento. Mas este aqui não é assim. Ele se parece um pouco com Aquele que veio há séculos atrás. Eu li sobre Ele no Livro dos Peixes. Ele era poderoso e nosso povo pulava nos barcos ou aparecia do nada somente com um comando Dele. Ele também era um pescador. Mas Ele era um pescador de homens e almas.

Uma vez eu vi este aqui devolver um peixinho ao mar. Era uma sardinha que não acreditou nas palavras sábias dos velhos peixes e comeu aquele pedaço de carne pendurado da vara do pescador. Então o Deus o pegou cuidadosamente e exercendo seus poderes de perdão retornou-o ao mar. Eu fiquei surpreso com isso e daquele dia em diante o pescador ganhou minha admiração.

Até o dia em que o vi pegando o Bolhas Velhas e não o devolvendo. Ao invés, Bolhas Velhas foi parar em uma cesta e nunca mais o vimos. Foi horrível. Passei dias e dias pensando sobre aquilo e finalmente desisti e perguntei ao Sr. Tubarão porque o pescador havia agido daquela forma. Ele então me disse que foi o Bolhas Velhas que havia escolhido aquela maneira de ir. "Este é boa pessoa", disse-me o Sr. Tubarão, "o Bolhas Velhas terá um ótimo lugar no Paraíso dos Peixes."

Toda semana ele vem e toda semana eu estou aqui à espera dele. Ainda não é tempo. Eu sei disso e ele também o sabe. Ele vai jogar a linha e esperar. Ele sabe que eu o estou observando. Ainda sou jovem e ele também o é. Ambos temos paciência."

Quando trabalhamos com tempo limite, nem sempre conseguimos algo satisfatório na primeira vez. Talvez nem na segunda ou na terceira, ou nem sempre, mas com certeza treinamos o nosso cérebro a criar com rapidez e criatividade. Experimente, vale a pena.

Até a próxima,

Stanze

Nenhum comentário:

Postar um comentário