sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Calma e assertividade - uma grande auto-ajuda

Um dos tipos de literatura mais bem vendidos atualmente são os livros de auto-ajuda. Livros que, de um modo ou de outro, lhe ensinam a se tornar uma pessoa mais forte, mais organizado, mais auto confiante ou até mais rico. Os 7 Hábitos das Pessoas Altamente Eficazes, de Stephen Covey, por exemplo, é um dos livros nessa área que mais me ajudou em vários sentidos: na organização, na prioridade das coisas e no alcance do próprio bem-estar.




Outro livro que li recentemente e que, em princípio, não é mencionado dentro dessa área de auto-ajuda, mas que o deveria ser, é Cesar’s Way, de Cesar Millan. Cesar Millan é conhecido mundialmente por reabilitar cachorros e treinar pessoas a serem verdadeiros líderes para seus animais de estimação. O que Cesar passa através de seus anos de experiência é que a energia é a base principal da relação entre humano e animal. O cachorro sente e reflete a energia do seu dono e das pessoas ou animais à sua volta. Através da experiência de lidar com um cachorro, Millan nos ensina como manter a calma, a auto-confiança, a positividade e liderança.



E ele vai além disso. Seus ensinamentos e própria experiência de vida nos mostram que a lei da atração existe e que é facilmente comprovada na relação ser humano-animal. Para que se obtenha uma atitude submissa de nossos cachorros, temos que nos manter sempre calmos e assertivos. Uma maneira de fazer isso é projetar na nossa cabeça o que queremos que aconteça em determinada situação com o nosso animal. Se queremos que ele caminhe tranquilo ao nosso lado, o primeiro passo é imaginar essa cena ocorrendo, criar um filme ou um script na nossa mente. Isso nos dá uma tranquilidade imediata e cria uma energia positiva e calma que é captada pelo cão. Atraímos o que queremos através do pensamento e da confiança de que vamos viver aquela situação. O cachorro é o melhor seguidos desse vortex de atração e energia. Cesar complementa seus ensinamentos dizendo que ter um cão é como ter um espelho para nossa energia e estado de humor. O cão nos mostra como estamos a cada dia através de sua reação a nossa aura. Querem livro de auto-ajuda melhor que esse?

Já que entrei no assunto de cachorros conheci, através da televisão, uma iniciativa muito interessante: um calendário feito somente com fotos de cachorros vira-lata. Escreverei em breve no blog Daquiprai (http://daquiprai.wordpress.com/) uma matéria mais completa sobre essa idéia, mas de antemão publico aqui o site do Celebridade Viralata para quem quiser conhecer (e adquirir) o calendário vira-lata (http://www.celebridadeviralata.com.br/).

Um maravilhoso 2011 para todos e um bom final de semana!

Até a próxima

Stanze

sábado, 18 de dezembro de 2010

Um Conto de Natal

Daqui a uma semana é Natal e estamos todos correndo com as preparações para esta festa tão bonita. Por isso mesmo o Inspiracionando se atrasou e somente hoje estou publicando o artigo da semana.

Um dos maiores expoentes do Natal na literatura, a meu ver, é Charles Dickens. Sua história O Espírito dos Natais Passados (A Christmas Carol) é conhecida mundialmente e revivida em vários filmes, histórias, personagens, peças teatrais e até ao vivo. Aqui na Holanda personagens de Dickens passeam pelas ruas de algumas cidades neste período do ano, transformando a paisagem em um conto de fadas.

Para quem não conhece, A Christmas Carol conta a história de um senhor idoso, rabugento e sovina que detesta o Natal e todas as festividades relacionadas. Na Noite de Natal ele é visitado por 3 espíritos: O Espírito do Natal Passado, o Espírito do Natal Presente e o Espírito do Natal Futuro, que lhe mostram como foi, é e será seu Natal. O velho rabugento se chama Scrooge e inspirou Disney a criar o Uncle Scrooge (Tio Patinhas). Trago portanto aqui para vocês A Christmas Carol, de Disney, em espanhol, em 3 partes.







E, para encerrar, esta magnífica versão dos Muppets cantando Scrooge, em inglês. Abaixo segue a letra para quem quiser "sing-along" (cantar junto).


When a cold wind blows it chills you,

Chills you to the bone.
But there's nothing in nature that freezes your heart like years of being alone.
It paints you with indifference like a lady paints with rouge.
And the worst of the worst,
The most hated and cursed,
Is the one that we call Scrooge.
Unkind as any, and the wrath of many,
This is that Ebenezer Scrooge.


Oh, there goes Mr. Humbug, there goes Mr. Grim.
If they gave a prize for bein mean the winner would be him.
Oh, Scroogey loves his money cause he thinks it gives him power,
If he became a flavor you can bet he would be sour.
Yuck, Even the vegetables don't like him.

There goes Mr. Skin flint,
There goes Mr. Greed.
The undisputed master of the underhanded deed.
He charges folks a fortune for his dark and drafty houses.
Us small folk live in misery,
It's even worse for mouses.
Please, sir, I want some cheese.

He must be so lonely, He must be so sad.
He goes to extremes to convince us he's bad.
He's really a victim of fear and of pride.
Look close and there must be a sweet man insid
Naaaah! Uh Uh.

There goes Mr. Outrage, there goes Mr. Sneer.
He has no time for friends or fun,
His anger makes that clear
Don't ask him for a favor cause his nastiness increases.
No crust of bread for those in need,
No cheeses for us meeses.

Scrooge liked the cold.
He was hard and sharp as a flint.
Secretive, self contained.
As solitary as an oyster.

There goes Mr. Heartless, there goes Mr. Cruel.
He never gives, he only takes,
He lets this hunger rule.
If bein mean's a way of life,
You practice and rehearse.
And all that work is paying off,
Cause Scrooge is getting worse.
Every day, in every way, Scrooge is getting worse.


Até a próxima

Stanze

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

E que caia o pano

Estava comentando esta semana no Facebook os motivos pelos quais eu gosto das novelas brasileiras. Além do fato de morar fora do Brasil e a novela servir para me aproximar um pouco da minha própria cultura e raízes, eu adoro teatro. Para mim, a novela é um teatro televisionado. Logicamente que assistir a uma peça no teatro não se compara a uma novela na telinha mas, como se diz, quem não tem cão caça com gato.

A biblioteca da minha avó possuía, além dos milhares de romances, algumas peças de teatro. É claro que entre elas não poderia faltar Shakespeare, cuja coleção completa eu herdei, mas havia três autores que me chamavam especialmente a atenção. Um era Tenessee Williams, o outro era Ibsen e o terceiro Beckett.

Ibsen seja talvez dos três o mais conhecido por sua obra Casa de Bonecas, mas era Beckett quem me fascinava com o diálogo absurdo de Vladimir e Estragon em Esperando GodotSamuel Beckett era um dos autores que Martin Esslin apontou como representante do que ele chamou de Teatro do Absurdo.

Tenessee Williams, além do nome que eu já considerava exuberante, foi o autor de obras de títulos intrigantes, como Um Bonde Chamado Desejo e Gata em Teto de Zinco Quente, ambas transformadas em filmes, a primeira tendo Marlon Brando como protagonista e a segunda Paul Newman e Elizabeth Taylor. No Brasil várias dessas peças foram ao teatro, encenadas por atores como Leonardo Villar e Walmor Chagas, por exemplo.

Uma peça teatral possui basicamente as mesmas características de qualquer obra literária: personagem(ns), enredo, conflito e resolução (absurda ou não). O forte da dramaturgia é o diálogo ou monólogo e isso se apresenta bem característico quando a parte descritiva serve somente para dar referência à cena. A obra teatral é feita para ser vista mais do que lida.

Poucas pessoas lêem teatro hoje em dia, mas eu aconselho principalmente àqueles que desejam escrever romances ou contos, que o façam. A peça teatral ajuda a desenvolver a força do diálogo, tão importante nas obras literárias.

Para terminar o Inspiracionando de hoje eu reproduzo uma frase de Blanche, de Um Bonde Chamado Desejo: "Eu não quero realismo, eu quero mágica".

Até a próxima

Stanze

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Judas (ou Hardy) o Obscuro?

Vasculhando minha biblioteca encontrei Judas, o Obscuro, escrito por Thomas Hardy em 1895. O livro conta a história de Judas Fawley, um garoto órfão, que se torna um homem idealista obcecado pela cultura e atropelado pelos seus próprios fracassos em busca da felicidade. O livro chegou a ser cognominado Judas, O Obsceno, porque Hardy explora o fracasso do casamento, exaltando o caráter obscuro de seus personagens, o pecado, as relações sociais. Um trecho de seu livro exemplifica bem o que o romancista pensava das instituições sociais e que o levou a ser tão duramente criticado pelos leitores ingleses da era Vitoriana: ".... um casamento deveria ser dissolvido no momento em que se torna uma crueldade para ambas as partes - deixando então de ser moral e essencialmente um casamento...."

Hardy graceja em seu prefácio à edição de 1912 de Judas, O Obscuro, sobre um bispo que queimou uma cópia do seu livro: "provavelmente em desespero por não ter podido me queimar." A controvérsia causada por causa de seus romances Judas, o Obscuro e Tess d'Ubervilles (1891) criou na verdade mais curiosidade sobre seu trabalho, que acabou por se difundir pela Europa e América do Norte. 

Hardy usou como pano de fundo em suas obras a região da Inglaterra onde viveu e trabalhou. Seu conhecimento de arquitetura e seu espírito observador levaram-no a criar algumas das criações mais notáveis da literatura do século XX, principalmente peças teatrais e poemas, inspirando autores como D.H.Lawrence e Virgínia Wolf.

Thomas Hardy nasceu a 2 de Junho de 1840 em Higher Bockhampton no condado de Stinsford, na Inglaterra, próximo à cidade de Dorchester, onde faleceu a 11 de janeiro de 1928. Inspirado nas paisagens e cidades ao seu redor Hardy deu vida, através da sua imaginação, ao condado de Wessex que pode ser facilmente comparado com a verdadeira região de Dorset.

Eis um mapa da Wessex de Thomas Hardy:

Se tiverem oportunidade leiam Judas, o Obscuro e dividam comigo suas opiniões sobre esse romance tão criticado à época da sua publicação.

Até a próxima
Stanze

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Expressando emoções

Emoções são uma das expressões literárias mais intensas e, às vezes, mais difíceis de serem escritas. Emoções vão da alegria exarcebada à tristeza ou depressão profundas. As emoções são bem expressas quando o leitor sente realmente aquilo que o personagem está atravessando. Essa difícil empatia com o leitor só é conseguida quando o escritor consegue transcrever para o texto os sentimentos físicos que aquela emoção causa em seu personagem, sem expressar substantivamente as emoções que afetam o personagem naquele determinado momento. Em outras palavras, a boa técnica literária evita, por exemplo, o uso das palavras designativas da própria emoção sentida: medo, coragem, alegria, êxtase, etc. O interessante é “mostrar” ao autor o que o personagem está sentindo sem “dizer” que emoção é aquela.

Observe, por exemplo, esta frase:

- Ela abriu a porta com cuidado. Estava com medo do que veria lá fora.

Neste caso, o leitor sabe que o personagem está com medo, mas não “sente” o medo que realmente emana da situação. A mesma frase, escrita de outra maneira, faz com que o leitor compartilhe com o personagem a cena descrita.

Por exemplo:

- Ela tocou o trinco da porta. Seus dedos tremiam. Um frio estranho nas mãos, inconsistente com o calor do verão que já se aproximava, subiu-lhe pelos braços e desceu pelas costas, provocando um calafrio incontrolável. Sua mão pressionou o trinco mais para baixo e a porta se mexeu. Um vento quente entrou pelo pequeno espaço entre a porta e a parede. Não havia mais volta. O que estivesse ali fora já poderia entrar.

Sentiram a diferença? Em nenhum momento no segundo texto a palavra MEDO foi mencionada, mas não há dúvidas de que o personagem estava apavorado.

É bom evitar também o uso exagerado de clichês ou lugar-comum ao descrever as emoções: “coração que palpita” e “suor na testa”, por exemplo, são algumas das frases usadas e abusadas para descrever “amor” e “nervosismo”.

Esses pequenos detalhes técnicos abrem ao escritor um leque de possibilidades para atingir mais profundamente o leitor e deixá-lo mais próximo da história e do personagem. Em textos futuros eu explorarei mais este tema.

Até a próxima
Stanze

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Actio Inspirandum

Esta semana estréia em várias salas de cinema no mundo a primeira parte da última etapa da trajetória Harry Potter. Seria impossível, em um blog sobre a arte de escrever, não falar do fenômeno que é o garoto/adolescente bruxo e, principalmente, da mente criativa atrás da varinha mágica, JK Rowling.

Para os apreciadores de um bom livro e que não têm preconceitos temáticos eu aconselho a leitura da epopéia do garoto Potter, por vários motivos:

1 – é invariavelmente uma sensação mundial e para não ficar isolado dos rumos da literatura adolescente atual;

2 – o tema é cativante e a trama é muito bem elaborada e se complementa a cada livro;

3 – os livros são, como de regra, mais abrangentes e interessantes que os filmes.

Em termos de técnica literária, JK Rowling usou elementos bem marcantes em sua obra: personagens  carismáticos (mesmo os maus), com personalidades próprias e distintas; história temporal em que os personagens se desenvolvem e crescem, fácil de observar na linguagem mais adulta que Rowling usa a cada livro da série; detalhes reconhecíveis, onde se vê que a autora se inspirou em fatos e coisas reais para criar o mundo mágico de Harry Potter, como, por exemplo, os uniformes de escola usados pelos mágicos, da mesma forma que os estudantes ingleses também usam, ou a própria escola Hogwarts, inspirada, creio eu, no Arthur Findlay College, um instituto especializado no ensino e aperfeiçoamento de fenômenos paranormais e mediúnicos.

Acima de tudo isso, Rowling usou energias essenciais para todo escritor que quer ver sua obra completa e publicada: perserverança, força de vontade e disciplina. Como oradora em uma formatura em Harvard, em 2008, Rowling falou sobre sua própria vitória contra circunstâncias desfavoráveis. Em um discurso emocionante a autora discorre sobre falhas e o medo de falhar. "O que constitui para cada um o medo? O mundo está ansioso para lhe dar critérios se você deixar" ela cita, reforçando o poder que cada um tem dentro de si, e que "não precisamos de mágica para transformar o mundo. Nós carregamos dentro de nós o poder que precisamos. Nós podemos imaginar sempre algo melhor."  

(Vídeo somente em inglês)

J.K. Rowling Speaks at Harvard Commencement from Harvard Magazine on Vimeo.

Mesmo que você não leia o livro ou discorde do talento de JK Rowling como escritora, leve essas palavras dela para sua vida e deixe a imaginação criar um mundo melhor, pois só assim conseguimos atingir os objetivos mais impossíveis.


Até a próxima
Stanze

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Deixemos de entretanto e vamos logo para os finalmente...

Odorico Paraguaçu foi uma figura notória da televisão brasileira. Seu palavreado é exclusivo e sua obsessão em inaugurar o cemitério, ponto maior da sua campanha para prefeito de Sucupira, é hilária.

Dias Gomes criou um personagem que, embora fosse cínico, corrupto e interesseiro, era adorado pelo público. Isso porque sua genialidade criativa trouxe às telas um linguajar único e criativo. A isso se chama neologismo, que pode ser tanto a criação de uma palavra nova quanto dar um significado diferente a uma palavra já existente.

Alguns exemplos de neologismos são trekkie, termo usado para os fãs de Jornada nas Estrelas (Star Trek em inglês), ou papamóvel. Há vários tipos de neologismo, como os causados por derivação prefixal, tipo desfeliz, desinquieto,  ou derivação sufixal, como assinzinho, mesminho. O prof. Teotônio Marques Filhos, no site Por Trás das Letras, analisa os vários tipos de neologismos em um estudo sobre a obra Sagarana, de Guimarães Rosa. Confira aqui.

O neologismo é um recurso interessante para se usar em uma obra literária, desde que feito com consistência e coerência com o personagem.

Odorico Paraguaçu usava o neologismo com classe e, embora fosse um sinal da sua ignorância, era ao mesmo tempo um forte traço da sua personalidade e seu discurso "politiqueiro".

Só para lembrar:

"Errar é humanum est, como dizem os latinos"
"Um homem que se preze não deve deixar barato seu corneamento"
"Um herói altamente alto, à altura de prestar um grande beneficiamento à população de Sucupira! Com esse herói mórbido, eu vou proceder à cerimônia inauguratícia do cemitério que construí com amor mortuário..."
"Não há humilhamento maior que o de ver um homem que viveu vetustamente ser levado numa rede, balançando a sua defuntice..."
"E com esse licor eu homageio a nossa jenipapança"

(extraído de O Bem Amado, livro da série Grandes Novelas, publicado pela Editora Globo)

Até a próxima
Stanze